Contra a extinção da Freguesia de Cabanas de Torres

Contra a extinção da Freguesia de Cabanas de Torres

É com profunda noção de dever e de preocupação que o nosso blog se manifesta desde já contra a possível extinção da Freguesia de Cabanas de Torres que, e de acordo com o chamado "memorando de entendimento com a troika" o actual e anterior governos assinaram e que visa a reestruturação e reorganização administrativa do território.

O Presidente do Blog, Jorge Nunes

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

A Freguesia de Cabanas de Torres




Na imagem o actual edificio da junta de freguesia, um dos moinhos funcional e uma oliveira secular.


A freguesia de Cabanas de Torres localiza-se no distrito de Lisboa, concelho de Alenquer, sendo constituída pelas localidades de Cabanas de Torres e Paúla, que se situam no início das vertentes oeste da Serra de Montejunto.
Esta freguesia, bem como a sua origem e fundação estão referenciadas há já muito tempo, e terá sido fundada há mais de 500 anos por população oriunda da região de Torres Vedras, em virtude de uma peste que terá assolado a região naquele tempo e neste ponto as fontes bibliográficas não estão de acordo. Contudo, e a ser verdadeira a origem de vários instrumentos líticos existentes no Museu Municipal Hipólito Cabaço em Alenquer, é possível encontrar uma ocupação deste local desde o neolítico conforme diversos achados arqueológicos descobertos por populares por toda a extensão da localidade e comprovados pela descoberta do Algar do Bom Santo em 1991. Esta descoberta aconteceu a quatro quilómetros da localidade em plena serra, cuja última ocupação terá sido no neolítico final. Assim, tanto as fontes clássicas como a crença local são unânimes: a população ter-se-á fixado nesta região da Serra de Montejunto e ali terá feito umas cabanas para se abrigarem.
Tanto os abrigos, como o vento, estão bem patentes na toponímia local. A freguesia da vertente leste da serra de Montejunto é Abrigada, e a localidade mais a oeste desta freguesia e que está mais próxima de Cabanas de Torres, é Cabanas de Chão.
Esta freguesia sendo uma das mais antigas freguesias do concelho de Alenquer, é também uma das mais pequenas, quer em área, quer em termos populacionais, pois segundo os registos efectuados pelo INE em 2001, esta freguesia contava com uma área de 6,79Km², e com 1.018 cidadãos recenseados pelo referido registo, menos 55 cidadãos do que no anterior censo, em 1991. A nível do ensino, esta freguesia conta actualmente com uma escola de ensino primário inaugurada em 1958, sendo os restantes níveis leccionados em Abrigada e Alenquer.
Todo desenvolvimento da localidade se deveu ao seu entorno natural, a serra de Montejunto, e ao aproveitamento dos seus recursos naturais, o vento, a água e a floresta. Até cerca do ano de 1974, a principal actividade económica era a agricultura, porém com as alterações e dificuldades económicas verificadas após a mudança de regime, a construção civil e a indústria ocuparam o lugar primordial até então do sector agrícola.
Esta localidade chegou a contar com mais de dez moinhos de vento a laborar diariamente até meados do século XX, bem como de uma azenha com duas mós de grandes dimensões, que abasteciam não só o concelho de Alenquer, mas também os concelhos adjacentes, assim como diversos lagares de vinho e lagares de azeite existentes ainda hoje.
O cultivo da vinha é bem patente na paisagem local, estando inclusive esta freguesia inserida na rota do vinho do oeste. Além da vinha, também é visível o cultivo de cerais através dos inúmeros moinhos de vento por toda a paisagem da serra de Montejunto. Note-se que, até há cerca de duas décadas atrás, o fabrico de pão para consumo pessoal acontecia regularmente. Hoje em dia, por exemplo, ainda existem em inúmeras casas um forno para o fabrico do mesmo.
A oliveira está também presente na região oeste de Portugal e na serra de Montejunto desde tempos primordiais, pois o azeite além de ser obrigatório à mesa de refeição, servia também para iluminação, e esta freguesia conta ainda com vários lagares dedicados em exclusividade a esta cultura. Denota-se ultimamente um forte aumento na plantação de olival novo, bem como da manutenção do antigo, facto que levou a reabertura e modernização de um antigo lagar de azeite em Paúla, cuja origem remota a meados do século XIX.

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